Um saludo aos amigos que gostam de enfurquilhar seja a trabalho ou lazer. Aos paisanos que amam a raça crioula, a melhor entre os eqüinos e fazem de sua convivência com o pingo, arreios, montaria praticamente uma religião das mais sagradas e puras, amadrinhada pelos caudilhos antepassados que se enchem de orgulho ao ver um vivente bem enfurquilhado batendo estrivo com sol

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012



                                                  



                        AVALIAÇÃO DE UM CAVALO DE SELA II

                               
                A ESTRUTURA DO CAVALO E AS  ANDADURAS.


               
                O julgamento ou avaliação morfológica nada mais é que a análise das proporções e equilíbrio corporal do cavalo,  da correção da estrutura que lhe dá sustentação e determina a qualidade de seus movimentos, da qualidade de suas características e do padrão racial.
                Determinar o que é “bom” ou “mau” em termos de morfologia, depende basicamente da compreensão da biomecânica equina, ou em outras palavras, como funciona o corpo do cavalo em movimento para o uso ou função que se destina.
                Há um padrão morfológico universal para os  cavalos de sela, independente do grupo racial a que pertençam, dessa maneira todas as raças buscam estar inseridas nesse padrão, sem prejuízo da tipicidade racial de cada uma.


                As diferenças de biótipo entre as raças equinas, dizem respeito ao uso do cavalo ou à  função a que se destina, sem fugir da proporcionalidade das formas, da simetria da estrutura e equilíbrio do conjunto. O equilíbrio, a estrutura e as andaduras são os aspectos mais importantes na hierarquia da avaliação e seguem a risca esses padrões.         
                As consequências impostas ao movimento, pelos desvios da estrutura e do equilíbrio, antes somente constatadas pela experiência e observação dos mestres em equitação, hoje podem ser facilmente visualizadas com o uso de técnicas de filmagens, onde os pontos vitais das articulações e os eixos de força podem ser analisados com precisão.

                                Não vou aborrecer os leitores citando todos os desvios de estrutura e aprumos que todos estão cansados de saber. Quero fixar-me em alguns aspectos que por qualquer razão NOSSAS AVALIAÇÕES DESPREZAM OU SIMPLESMENTE IGNORAM .
                 O objetivo da postagem é questionar nossas avaliações quanto a alguns aspectos vitais da estrutura e das andaduras completamente esquecidos em nossos julgamentos, assim como a MAXIMIZAÇÃO de paradigmas sem  importância ou modismos, que nos distanciam do padrão universal do cavalo de sela.

            AS ANDADURAS NO JULGAMENTO MORFOLÓGICO


                Creio que o “modelo” de nossas avaliações morfológicas não evoluiu absolutamente nada em 80 anos. Seguimos a mesma sistemática do tempo dos primórdios da Raça em que entravam na pista de julgamento vinte ou trinta animais conduzidos a cabresto.
                Hoje com mais de uma centena de animais concorrendo, não creio seja possível por exemplo avaliar as andaduras dos animais encilhados da forma como fazemos, tornando essa fase do julgamento morfológico mais um RITUAL que propriamente uma avaliação.                    É certo que o jurado pode nesse momento fixar sua atenção nos animais extremos, isto é , um ou dois de boas andaduras e mais um ou dois de péssima andadura, porem isso não é suficiente mesmo porque o comparativo é feito somente naquela fila.
                Não há uma pontuação para as andaduras, nem tampouco anotações em planilha, que permitam ao jurado, na fase dos campeonatos, a comparação de animais de várias filas que ainda não se confrontaram.
                Com a impossibilidade de julgar as andaduras na fase dos campeonatos resta ao jurado avaliar o deslocamento dos animais puxados a cabresto A EXEMPLO DOS JULGAMENTOS DE BOVINOS.

                Há uma diferença enorme entre as andaduras de um cavalo encilhado com suas andaduras naturais ou a simples “puxada” a cabresto.
                Um animal pode caminhar muito bem  apresentado a cabresto  e deslocar-se completamente diferente quando montado.
                De resto a avaliação do movimento a cabresto nos dá somente uma noção do AVANÇO AO PASSO, sem o peso do ginete, o que convenhamos, é muito pouco para julgar o conjunto das andaduras.
                Para se julgar as andaduras é imprescindível que elas sejam executadas em linha reta e não em círculo, um trajeto triangular é o que se usa mundialmente, obrigando  o cavalo estender a andadura nas linhas retas e reduzi-la nos vértices do triangulo.
                Como ensina Bayard Bretanha Jaques :
               
                “ Mais um detalhe é que qualquer
            prova de andadura deveria
            ser julgada em linha reta, pois
            quando se trata de simetria, condição
            desses andares, não podemos
            prescindir da linha reta.”


             Ouço comentários de jurados que determinado animal CAMINHOU MUITO BEM, isso reflete bem o caso em questão: impossibilitado de julgar as andaduras pelo “modelo” de julgamento, avalia o deslocamento a cabresto, deixando a impressão (muitas vezes falsa) que o animal tem excelentes ou péssimas andaduras. 
                Já presenciei animais com excelentes andaduras quando montados, que não CAMINHARAM a cabresto sendo penalizados por isso. Na verdade tinha que ser premiado, já que as andaduras que queremos selecionar são as de um CAVALO DE SELA.
                São conceitos que se firmaram mais pelo costume, pela “onda”, tornando-se modismo sem que ninguém saiba de onde surgiram ou quem inventou.         O certo é que tornaram-se “verdades” que passaram a balizar as avaliações.
                Algumas são completamente infundadas sem o menor suporte ou comprovação técnica, que por falta de parâmetros e método de julgamento, levam o jurado a “dançar conforme a música” e até cometer erros involuntários.
                               Por outro lado ninguém sabe QUE TIPO DE ANDAURA deve ser apresentada.

                               Há o passo, o tranco, o passo estendido, o trote , o trote chasquero, o trote alongado , o trote reunido. Da mesma forma o galope pode ser apresentado de diversas formas.
                                Qual delas o julgamento exige?
                               Ninguém sabe, por que na realidade não se julga, cumpre-se um ritual no qual o tipo de andadura de cada fila é determinado pelo cavalo que vai na ponta.
                               Um método de julgamento que permita ao jurado uma avaliação correta das andaduras é uma coisa simples de ser implantada, basta vontade para mudar, para aprimorar nossas avaliações e consequentemente a Raça Crioula.

                        A ESTRUTURA NOS JULGAMENTOS 


      
                                Alguns caracteres morfológicos ligados à estrutura e VITAIS ao movimento do cavalo são completamente ignorados, como se não tivessem a menor importância, como é o caso das quartelas, do codilho e dos aprumos sob o ponto de vista lateral.
                A correta inclinação da espádua tem sido motivo de atenção de nossos jurados com toda a razão. No entanto esquecemos completamente do CODILHO (cotovelo) que em última análise completa a ação do ângulo da escápula e do úmero , formando com este último e o rádio( braço),  uma ângulo que terá consequência DIRETA no avance e na amplitude dos membros anteriores : o ângulo úmero radial.

                Além disso, a posição do codilho determina a correção dos aprumos dianteiros do ponto de vista frontal: O codilho deve ser afastado do corpo do cavalo de maneira que permita a passagem da mão com folga. Codilhos apertados (aqueles que se unem ao tronco) é uma falha grave  de conformação, mais grave que o “apertado de frente” ( pouca abertura de peito, ou pouca distância entre a ponta das escápulas).
                Erroneamente damos maior importância à abertura de peito, penalizando sua pequena amplitude e esquecemos completamente da posição dos codilhos, que na verdade desempenham um papel muito mais importante na biomecânica equina.
                As consequências do cavalo “apertado de peito” em termos do movimento são praticamente desprezíveis, ao passo que um codilho demasiadamente afastado  torna o cavalo “caravanho” ( com as pinças do casco para dentro), já um codilho apertado torna o cavalo “esquerdo”( com as pinças para fora), são as conclusões de  W. Back em Intra-limb coordination:  Equine Locomotion,  London: Saunders, 2001. pag. 95-134.
                Quanto as quartelas o desinteresse é surpreendente.
                Se levarmos em conta que um cavalo desenvolvendo um movimento brusco ao galope, suporta em um de seus membros uma carga equivalente a 1.600 Kg, podemos avaliar a importância da correção da quartela, que funciona como amortecedor do impacto e como aponta da alavanca propulsora, concentrada numa área tão pequena. 

                Uma quartela muito curta não amortece os impactos, ao passo que quando muito comprida, sobrecarrega os tendões além de descompensar o ângulo com os cascos causando um excesso de pressão nos talões.
                Nunca vi em nossos julgamentos e avaliações uma penalização por incorreções ou desvios angulares da quartela, tampouco ouvi comentários sobre uma angulação e comprimento corretos e seus benefícios para o desempenho do cavalo. 

                Um aspecto que damos pouca importância, pelo menos nunca ouvi um comentário sobre isso em qualquer julgamento são os aprumos chamados laterais.
                É praticamente nula a avaliação dos aprumos do ponto de vista lateral em nossos julgamentos. Basta observar uma grande quantidade de cavalos premiados com desvios totais de aprumos. Confira o assunto e as imagens no posthttp://cavalocrioulook.blogspot.com.br/2012/01/os-julgamentos-e-os-aprumos.html.

                A causa das polêmicas sobre a avaliação dos aprumos é a falta de definição em regulamento dos VALORES DE IMPORTÂNCIA das qualidades e dos defeitos. Enquanto não tivermos uma definição regulamentar sobre isso as dúvidas e a polêmica não terão fim.  
               

                                       O PESCOÇO
               
                O pescoço por ser a parte mais flexível da espinha dorsal, funciona como elemento de  equilíbrio e contrapeso no movimento do cavalo. Com uma influência direta na maneabilidade e no estabelecimento correto do centro de gravidade; o  cavalo usa o seu pescoço como “um braço de equilíbrio”.

                A conformação do pescoço e sua implantação na espádua são essenciais para o movimento do cavalo montado. 
                Um pescoço extremamente leve será por consequência excessivamente  flexível e móvel o que possibilita ilimitadas possibilidades de “escape”( reação) ou evasão no treinamento.
                 O fluxo de energia criado pelos posteriores percorre a linha superior do cavalo, atingindo seu pescoço, que como leme do seu corpo, definirá com seu posicionamento a passagem ou a obstrução desse fluxo de energia.

                Segundo Johann Riegler, ginete superior da Escola Espanhola de Equitação de Viena:
                “A energia criada para o deslocamento será eficaz na medida que não haja obstáculos que interrompam ou dispersem parcialmente sua transmissão;          esses obstáculos comumente estão localizados na musculatura do lombo e do dorso, mas na maioria das vezes são consequências de um posicionamento errado do músculo superior do pescoço. Esses obstáculos podem ter origem estrutural ou de má condução, ou ainda de ambos. “


                Pescoços invertidos, curtos demais, longos demais ou muito finos,  de várias maneiras obstruem o fluxo de energia tendo como consequência a falta de impulsão, reações de vários tipos e o mais grave: impedem a colocação dos posteriores sob a massa corporal .
                A proporcionalidade do pescoço pode-se conferir da seguinte maneira : o comprimento do bordo superior deve ser o dobro do bordo inferior, o mesmo comprimento dos membros anteriores e a metade do comprimento do corpo do cavalo.

                É lógico que o comprimento do pescoço depende da angulação da espádua, isso quer dizer que uma espádua vertical aumenta o bordo inferior e diminui o bordo superior, ao revés de uma espádua oblíqua ( ao redor dos 50º em relação ao solo)
                O pescoço DEGOLADO ou PESCOÇO DE ANZOL, é o novo modismo sujeito a exageros, e parece  que já “pegou.”  Para os adeptos do novo paradigma não basta o pescoço ser leve, proporcional, bem implantado na espádua, com o comprimento do bordo superior proporcional ao bordo inferior; tem que ser degolado.

                Eu gostaria de saber quem é, ou quem são os inventores desses termos  que por incrível que pareça,  alastram-se  transformam-se em  “verdades” que invariavelmente chegam ao exagero como foi o caso do “perto do chão” que mal interpretado tornou-se um paradigma nos julgamentos e foi a principal causa de algumas gerações de petiços.
                Os excessos gerados pelos modismos nascem em razão da omissão regulamentar e proliferam nos julgamentos morfológicos e passam a balizar a seleção dos desavisados. 
                O excesso de comprimento corporal é outro exagero ocasionado pela falta de parâmetro e vem sendo usado e abusado em nossas avaliações, como se fosse uma “qualidade estrutural”.
                O padrão universal do cavalo de sela prega que o comprimento do corpo do cavalo deve ser igual a sua alçada, ou próxima a isso, no entanto nós estamos nos afastando desse padrão há algum tempo com a  estória exagerada da RETANGULARIDADE.
                Esse paradigma passou a reger  os julgamentos e tornou-se uma “verdade “ nunca contestada completamente antagônica ao padrão racial que estabelece que o Cavalo Crioulo deve ser MEDIOLÍNEO em função de seu dorso, lombo, pescoço e garupa todos de mediano comprimento segundo o Padrão Racial estabelecido no Regulamento do Registro Genealógico       
                O exemplo dessa TENDÊNCIA EXAGERADA À RETANGULARIDADE é o relatório do estudo biométrico da Raça, que está sendo feito pela  Universidade Federal de Pelotas onde as fêmeas participantes da Expointer apresentam uma ALÇADA MÉDIA DE 1,41 M. e um COMPRIMENTO DO CORPO QUE CHEGA A 1,62M. , ou seja, quase 20% acima dos padrões internacionais do cavalo de sela.
                Muitos comentários de julgamento enaltecem  a “BOA RETANGULARIDADE”. Confesso que sou péssimo em geometria  por isso não consigo identificar um BOM E UM MAU RETÂNGULO, nem tampouco encontrei alguém que definisse essa qualidade da figura geométrica.
                Segundo Kylee Duberstein, especialista em biomecânica equina da Universidade da Georgia,  um lombo comprido geralmente é sinal de fraqueza nessa área. O tensão da musculatura lombar causa reações  que refletem na cabeça e no pescoço na execução de movimentos curtos que exijam explosão.

                É ponto pacífico que o Cavalo Crioulo não deve distanciar-se em demasia dos padrões universais do cavalo de sela.  
           Essa é uma condição “sine qua non” para a expansão da Raça Crioula no Brasil e outros continentes. Quanto mais nos afastarmos desses padrões mais distantes estaremos do lugar de destaque que o Cavalo Crioulo merece na equinocultura mundial.
                Uma visão crítica de nossas avaliações é o primeiro passo para alargarmos nossos horizontes traçando uma trajetória muito além das fronteiras que nós mesmos impomos ao nosso cavalo.
                O “mundo do cavalo crioulo” é muito pequeno para ele, cabe a nós leva-lo mais longe.

                A lição do gaúcho do Alegrete é pertinente:
                          “ Eu não tenho paredes.
                        Só tenho horizontes!!”
                                   Mario Quintana

fonte: cavalo crioulo ok


MTG se pronuncia quanto a lei de rodeios



Nota oficial do Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul
Assunto: Projeto de Lei 2086/2011 – Deputado Ricardo Tripoli PSDB/SP
Pronunciamento do Presidente Erival Bertolini ao vivo pela TV Tradição

O Movimento Tradicionalista Gaúcho, cumprindo com sua função de preservar o núcleo da formação gaúcha e a filosofia tradicionalista, tem acompanhado, de perto, o desenrolar das discussões referentes ao projeto de lei 2086/2011, do Deputado Federal do PSDB/SO, Ricardo Tripoli, que, para atingir seus fins, poderá acabar com os rodeios pelo Rio Grande do Sul. O assunto despertou o forte debate nas redes sociais e na mídia, em suas diversas formas, motivando o MTG a se pronunciar de forma oficial.

Depois de muitos contatos com representantes do Rio Grande do Sul, na Assembleia Legislativa do estado, na Camara Federal, com coordenadores e conselheiros do MTG, o Presidente Erival Bertolini foi contatado pelo Deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Goergen comunicou que, o Deputado Ricardo Tripoli, ficou impressionado com a repercussão entre os adeptos das lides campeiras do Rio Grande do Sul, da qual ele não tinha a dimensão da grandiosidade destas atividades no sul do Brasil.

Jerônimo Goergen tranquilizou os tradicionalistas que, neste período não haverá andamento no projeto, pois o Congresso entra em recesso até fevereiro, mas que, receberá o Movimento Tradicionalista Gaúcho em Brasília, na 2ª quinzena de fevereiro para discutir este assunto.

É importante lembrar que, o MTG, representando seus filiados, possui um termo de ajuste com o Ministério Público do estado que estabelece normas para a realização dos rodeios crioulos, cumprindo as leis federal e estadual que tratam deste assunto, jamais permitindo maus tratos com animais.

Erival Bertolini
Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho/RS

fonte: Rogério Bastos