JURADOS E JULGAMENTOS III
MORFOLOGIA CAVALO CRIOULO
Os
resultados das pistas balizam a seleção
e norteiam os rumos do futuro da Raça .
Por
essa razão considero o julgamento um assunto de MÁXIMA RELEVÂNCIA que deve ser
aberto à discussão pela ABCCC despojado
do estigma da homenagem e do amadorismo passando a tratar o assunto com o
profissionalismo e o cuidado que ele merece.
Essa
discussão que não deve ser encarada como uma crítica à capacidade técnica do
corpo de jurados. Apesar de contarmos
com excelentes jurados, cada um deles penaliza e bonifica diferentemente as
deficiências e as qualidades morfológicas.
A
inexistência de um método com parâmetros definidos num regulamento de
julgamento morfológico do Cavalo Crioulo é a principal causa das
discrepâncias dos resultados nas pistas,
principalmente na etapa morfológica do Freio de Ouro, quando se atribui
notas à classificação além
dos concursos morfológicos das exposições .
Não
quero citar exemplos dessas disparidades ( algumas escabrosas), para não
individualizar o problema e causar mais polêmica do que o assunto já contém.
Isso é de conhecimento público e os casos se repetem anualmente em todas as
etapas.
O
JULGAMENTO DE ADMISSÃO
O
primeiro passo para qualquer julgamento
morfológico é a ADMISSÃO.
PARA
QUE SERVE O JULGAMENTO DE ADMISSÃO?
A
admissão serve para ADMITIR COMO APTO A JULGAMENTO o animal
apresentado. Para tanto o jurado de admissão deve medir o
animal, e
observar seu enquadramento dentro do padrão da Raça, além de verificar
sua
condição física e qualquer tara ou defeito grave que venha a
apresentar. Verificado qualquer problema o Jurado de
admissão DEVE, NO MÍNIMO, COMUNICAR AO JURADO DE PISTA ALERTANDO-O
SOBRE O ANIMAL, e até elimina-lo do certame conforme
a gravidade do caso.
Em
qualquer Raça, de qualquer espécie a admissão funciona assim. Existe inclusive
um regulamento de admissão.
No
Cavalo Crioulo não. A admissão é “para
inglês ver”, é um procedimento para cumprir tabela, sem a menor importância e
nenhuma consequência.
Animais com uma alçada de menos de 3 cm que a
mínima exigida, já foram contemplados com nota morfológica acima de 7,3 numa
final do Freio de Ouro. Três possibilidades podem ter ocorrido neste caso :
a ) Os jurados foram ludibriados por uma
admissão mal feita.
b) Os jurados não deram importância ao fato,
mesmo constando da súmula.
c) Há uma “orientação” aos jurados de
admissão para que as medidas “forçosamente “ estejam dentro dos
parâmetros do standard.
Qualquer
uma das três possibilidades é profundamente lamentável.
Podemos até admitir que a marca
não pode ser retirada, mas aceitar a participação numa exposição , onde se
pretende mostrar o que há de melhor na Raça, de um animal fora dos padrões
mínimos exigidos e ainda por cima premiá-lo com 7,3 é um descaso completo ao
Regulamento .
Se
um parâmetro MENSURÁVEL como a alçada é completamente ignorado imagine o resto.
O mínimo a ser feito num caso como esse seria penalizar o animal, colocando-o no final da
fila, quando o normal, seria desclassifica-lo para o evento mais importante da
Raça.
CHEGUEI
A CONCLUSÃO QUE A ADMISSÃO É UMA ENCENAÇÃO, SEM A MÍNIMA CREDIBILIDADE E
NENHUMA UTILIDADE.
A
TIPICIDADE
Iniciando
o Julgamento, a tipicidade deve ser avaliada em primeiro lugar.
A
falta de tipicidade pode ser grave , moderada ou leve.
É
grave a atipicidade quando vários caracteres morfológicos não são típicos da
Raça e a combinação deles põe em dúvida a origem do animal. Essa é uma
deficiência GRAVE e como tal deve ser penalizada severamente. Exemplo : marcha
trotada ou batida, conjuntos de cabeça pescoço e paleta comprometidos pela
atipicidade.
Moderada
é a falta de tipicidade em uma ou outra parte do fenótipo, que mesmo
não comprometendo totalmente o animal deve ser levada em conta
com uma penalização moderada. Um bom exemplo é uma cabeça ou uma garupa
atípica, uma cola fina com
pouca cerda etc.
Leve
é a atipicidade de detalhes como orelha, focinho, quartelas compridas , cabeça
com pouca distância entre os olhos, excesso de pelos no machinho. A penalização
por esse tipo de falta de tipicidade deve ser leve, mas deve ocorrer.
Há
caracteres atípicos que surpreendentemente, além de não serem penalizados, vêm sendo valorizados nos julgamentos:
1
Garupas planas
A angulação ideal de garupa do Cavalo
Crioulo é definida como SEMI OBLÍQUA em nosso padrão racial. Garupas planas são
atípicas devem ser penalizadas ao invés de premiadas.
2
Excesso de relevo muscular
Temos presenciado animais com um relevo
muscular completamente atípico sendo
premiados . Cavalos com 600 Kg são
considerados “normais” em nossas exposições
quando nosso padrão racial determina um
máximo de 450 Kg. O Cavalo Crioulo NÃO TEM UM RELEVO
MUSCULAR ACENTUADO. É um cavalo sóbrio, de musculatura
discreta e
formas arredondadas, que nem de longe lembram a musculatura de um
Quarter
Horse.
3
Excesso de comprimento dorso lombar.
A retangularidade levada ao extremo tem
premiado animais que parecem Crioulos tipo “Basset Hound”. Para tudo há um limite,
principalmente quando devidamente EXPRESSO EM NOSSO STANDARD que recomenda : DORSOS MEDIANOS.
4
Leveza de pescoço é uma qualidade que
buscamos fixar em nossas manadas . Porém é comum a preferência por animais
“degolados”, com um pescoço excessivamente fino chegando a ser débil
na junção com a paleta.
A
angulação de paleta, que determina o ângulo de inserção do pescoço é
mais importante
que a própria “leveza” do pescoço, já que se constitui num fator
COMPENSATÓRIO no caso de um pescoço mais
forte.
É
preciso cautela com as TENDÊNCIAS
ditadas pelo gosto pessoal , que se transformam em MODISMOS e vão se
espalhando e tomando conta de nossas pistas, principalmente quando confrontam
com o Padrão da Raça estabelecido no Regulamento do SRG.
Uma
definição clara das penalizações por falta de tipicidade tornariam os
julgamentos mais compreensíveis e menos polêmicos, dando uma maior uniformidade
nos critérios de avaliação.
É
necessário que se defina QUAL É A PENALIZAÇÃO A SER APLICADA nos diversos graus
de atipicidade, assim como nos outros caracteres morfológicos que abordaremos
no próximo post.
Boa
Tarde
Postado há 15th December 2011 por Cezar Roberto Oliveira Kruger
fonte: cavalo crioulo ok
ResponderExcluirBom Dia! Achei muito interessante este blog:Gostária de saber qual o pêso do osso na pista e aimportância deste?